domingo, 27 de janeiro de 2013

“Kit para sobreviver aos primeiros dias do jardim de Infância”



“1º- É proibido insultar o jardim-de-infância «escolinha». Em primeiro lugar, porque é uma escola. Em segundo, porque todas as escolas ganhavam se ligassem brincar com aprender.
2º- É proibido que os pais imaginem que o jardim-de-infância serve para aprender a ler e a contar. Ele é útil para aprender a descobrir os sentimentos. Para aprender a imaginar e a fantasiar. Para aprender com o corpo, com a música e com a pintura. E para brincar. Uma criança que não brinque deve preocupar mais os pais do que se ela fizer uma ou outra birra, pela manhã, ao chegar.
3º- O Jardim de Infância assusta as crianças sempre que os pais - como quem sossega nelas os medos deles por mais um dia de jardim-de-infância - lhes repetem: «hoje vai tudo correr bem!»
4º- Os pais estão proibidos de despedirem-se muitas vezes das crianças, ao chegarem todos os dias. E é bom que se decidam: ou ficam contentes por elas correrem para os amigos ou ficam contentes por elas se agarrarem ao pescoço deles, com se estivessem prestes a ser abandonadas para sempre. Já os pais que, secretamente, gostam das duas coisas são bons amigos dos maus pais…
5º-É proibido que as crianças vão dia sim, dia não ao jardim-de-infância. E que vão, simplesmente, quando os seus caprichos infantis vão de férias. E que não vão «só porque sim». O jardim-de-infância não é um trabalho para os mais pequenos. É uma bela oportunidade para os pais não se esquecerem que se pode amar o conhecimento, namorar com a vida, nunca ser feliz sozinho e brincar, ao mesmo tempo.
6º- No jardim-de-infância não tem de ser obrigatório comer até à última colher; nem dormir todos os dias. E não é nada mau que uma criança se baralhe e chame mãe à educadora (ou vice versa). Só é mau que sofra todos os dias, meses a fio, sempre que se trata de lá ficar.
7º- Os pais estão obrigados a estar a horas quando se trata de uma criança regressar a casa. Prometer e faltar devia dar direito a que os pais fossem classificados como tendo necessidades educativas especiais.
8º-Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim-de-infância. Mas estão autorizados a ficarem preocupados se as crianças forem ficando mais resmungonas, mais tristonhas ou, até, mais aflitas, sempre que regressam de lá. E estão, ainda autorizados a proibir que o jardim-de-infância só se abra para eles durante as festas ou sempre que uma criança esteja doente.
9º- O jardim-de-infância é uma escola de pais. E um lugar onde os educadores são educados pelas crianças. Um lugar onde todos se educam uns aos outros não é uma escola como as outras. É um Jardim de Infância.
10º- Um dia, num mundo mais amigo das crianças, todas as escolas serão jardins-de-infância!”.
         
                                    Professor Eduardo Sá in Revista Educação de Infância nº19
                           

            Pretendemos que haja no jardim-de-infância crianças enérgicas, capazes de pensar, de criar, imaginar e de questionar, o que vai contribuir para o desenvolvimento global e harmonioso das mesmas.
            Como educadores, temos a responsabilidade e o dever de estimular as nossas crianças através de actividades e estratégias diversificadas, tendo em conta as várias faixas etárias com que nos deparamos.
Queremos encontrar nas nossas salas crianças felizes, livres e responsáveis, capazes de enfrentarem um percurso escolar com sucesso. Para que tal seja possível, apelamos à colaboração dos pais e encarregados de educação na preparação dos seus filhos, através de diálogos espontâneos para a entrada na escola, quer a nível psíquico, como ao nível da autonomia (como exemplo no controlo dos esfíncteres). O sucesso das aprendizagens, posturas e atitudes não acontecem de forma isolada, mas sim em parceria com as famílias, com professores, educadores, e sempre que se justifique com profissionais especializados em áreas específicas.                                                   
 Tudo faremos para ver as nossas crianças felizes no jardim-de- infância!
  
Ano lectivo 2010/2011

                                             As educadoras
                                           Helena Sousa e Ana Cristino

BULLYING - ESCOLA EM ALERTA!


     O BULLYING é um fenómeno de violência à escala mundial e muito mais frequente no nosso contexto escolar, apesar de nem sempre ser reconhecido e admitido. A escola é um cenário privilegiado para este comportamento de agressividade se desenrolar uma vez que é neste espaço que se cruzam crianças de diversas faixas etárias. No entanto, este fenómeno é passível de acontecer dentro ou fora da escola, em áreas em que a ausência de supervisão do adulto se faz sentir, ou então, esta vigilância é pouco eficiente.
     O termo BULLYING surgiu nos Estados Unidos e não reconhece qualquer terminologia correspondente na Língua Portuguesa. No entanto, existem algumas manifestações, mais significativas e comuns que o caracterizam como por exemplo: ofender, gozar, humilhar, discriminar, excluir, intimidar, assediar, amedrontar, dominar, bater, roubar. Aplica-se a todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente. São comportamentos adoptados por um ou mais estudantes contra outro (s), causando dor e angústia; geralmente, estas atitudes são exercidas dentro de uma relação desigual de poder, sendo assim os actos repetidos entre iguais e o desequilíbrio de poder as características essenciais que tornam possível a intimidação da vítima.
Os agressores ou bullies são na generalidade crianças ou jovens que despertam pouca empatia, são impulsivos e dominadores com baixa tolerância à frustração, não obedecem às regras e encaram a violência de uma forma positiva. Estes elementos podem pertencer a famílias desestruturadas, nas quais o relacionamento afectivo entre os seus membros é desvalorizado, relações em que os pais exercem pouca ou nula supervisão sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo. Este contexto envolve o Bully que aspira conquistar poder e domínio, ambiciona fama e popularidade na escola, optando pela via do terror, semeando o pânico, amedrontando os outros, as Vítimas. Ao lado das vítimas encontramos os Defenders , que abominam o BULLYING  e se opõem a estes comportamentos de violência. Em apoio ao Agressor estão os Bystanders, alunos que testemunham os actos de violência. Por fim os Outsiders que perante estas situações de violência não se manifestam, por vezes com receio de serem as próximas Vítimas.
     Há ainda a considerar o BULLYING em duas modalidades. O BULLYING directo e indirecto em que o primeiro é reconhecido como o modelo mais frequente entre os bullies do género masculino, e o segundo é reconhecido como o modelo utilizado por bullies do género feminino e crianças mais pequenas. O padrão emergente no BULLYING indirecto visa forçar a vítima ao isolamento social. A criança é vítima de comentários perversos sobre a forma de vestir, etnia, condição social, incapacidades, entre outras. A Vítima é objecto de uma campanha hostil que ambiciona destruir a sua auto-estima e afastar as outras crianças da sua companhia.
     Como refere Olivier Christiane,” as crianças violentas provêm, na sua maioria de uma família em que os próprios pais eram violentos quer fisicamente quer moralmente, sendo assim a criança integra a violência como modelo de comportamento na defesa contra o Outro, no caso de dificuldades”. Este comportamento poderá levar a que o jovem venha a ser um adulto com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir adoptar atitudes delinquentes ou criminosas.
     Neste contexto podemos subentender que também os bullies são vítimas e que carecem de ajuda e acompanhamento de técnicos especializados. No entanto a maior Vítima é sempre a criança ou jovem humilhada que pode nunca recuperar das agressões infligidas.
     É urgente estar atento a comportamentos de ansiedade /sensibilidade a determinadas brincadeiras; perda/baixa auto-estima; tristeza e irritação; medo de expressar emoções; problemas de relacionamento; abuso de drogas e álcool; auto-mutilação e mesmo bullycídio. Esta é a nova terminologia que deriva do inglês bullycide e corresponde ao suicídio da vítima de BULLYING. Crianças que subitamente apresentam estes sintomas e ou que iniciam um processo de rejeição da escola, que começam a apresentar índices de absentismo elevado podem estar a ser Vítimas deste fenómeno de violência.
     Um constrangimento inegável em todo este fenómeno comportamental acontece quando somos confrontados com a possibilidade da existência de BULLYING em contexto de Jardim de Infância.
     Segundo Allan L. Beane, professor norte-americano com mais de 30 anos de experiencia e autor do livro A Sala de Aula sem Bullying, este padrão de comportamento pode surgir aos dois anos de idade.
     Felizmente até ao momento parecem ser pontuais os casos de agressão física em ambiente de Jardim de Infância, no entanto não tão raramente somos confrontadas com comentários menos simpáticos entre as crianças. Há que saber intervir e não permitir que as crianças possam desenvolver um padrão de comportamento sistemático de intenção de humilhação no Jardim de Infância, num momento precioso da estruturação da personalidade do indivíduo. Cabe a cada uma de nós, Educadoras de Infância, que numa posição privilegiada com as crianças e, em conjunto com a família, um papel fundamental ao não negligenciar qualquer indício suspeito de comportamentos violentos ocorridos de forma sistemática. Fica aqui o alerta.
     Assim, é fundamental que a Família e a Escola estejam conscientes deste fenómeno e que o problema possa ser resolvido em parceria a fim de serem tomadas providências e acautelar um futuro de violência.

Beane, Allan L. A Sala de Aula sem Bullying, Porto Editora, 2006

Olivier, Christiane, Violência Infantil: o que fazer, Lisboa, Editora Prefácio, 2002.

Ano lectivo 2011/2012


As Educadoras da EB1/JI do Outeiro
Helena Sousa
Ana Cristino 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Autorização de visitas de estudo

Justificação de faltas

Declaração de vacinação